Racismo na Universidade Federal de Pernambuco -UFPE

Claudio Hayashi
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Via prof. José Bento Rosa Da:

ARMA NA CARA DOS ESTUDANTES DO CONTINENTE NO CAMPUS DA UFPE- RECIFE. A FACE DA 'DEMOCRACIA RACIAL'

DOIS ESTUDANTES AFRICANOS TEM UMA ARMA APONTADA ENQUANTO ANDAVAM PELA UFPE

No dia de ontem 07/06 (quinta-feira), por volta das 17h10min, enquanto caminhavam dentro da Universidade Federal de Pernambuco, passando próximo a uma barraquinha que fica entre o Centro de Artes e Comunicação e o Centro de filosofia e Ciências humanas da UFPE, dois estudantes africanos (um vinculado ao Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e o outro ao Núcleo de Línguas para Estrangeiros), foram surpreendidos por um homem que caminhava em sua direção, que quando visualizou os estudantes sacou uma arma de fogo e apontou para eles. Sem entender muito bem a situação pensaram até que poderia ser um assalto. É quando o homem iniciar a gritar “vira”, “vira”, os estudantes que apesar de não compreenderem muito bem o português, entenderam que eram para ficar de costas e levantaram a camisa. Logo após esse ocorrido, o homem simplesmente abaixa a arma e algumas pessoas que passavam no local se aproximam dele para questionar acerca dos motivos daquela abordagem. 

Ao ser questionado, o homem não consegue explicar exatamente os motivos que o levou a sacar uma arma e mirar para dois estudantes que apenas transitavam dentro do espaço da Universidade e então exibe seu distintivo que estava pendurado num cordão em seu pescoço e guarda a arma na bolsa. Os estudantes africanos relataram que até pensaram em perguntar o que estava acontecendo, por que o homem tinha os apontado uma arma, mas que ficaram com medo que ele pudesse os ferir de algum modo, ou até disparar a arma contra eles. Estando a pouco tempo no Brasil e ainda com dificuldades em relação ao português, após o ocorrido, começaram a pensar na possibilidade de voltarem para seus países de origem, pois, estão com a sensação de que aqui no Brasil qualquer pessoa a qualquer momento pode fazer qualquer coisa contra eles, inclusive mirar uma arma quando menos esperam, dentro da Universidade. Como também, em seus países, os estudantes dizem nunca terem vivenciado nenhuma situação parecida. Pelo fato de a experiência do racismo ser algo novo para eles, que tem a ver com sua experiência no Brasil, estão ainda sem compreender exatamente o que está se passando, e por serem estrangeiros participantes de um programa de convênio vinculado ao Ministério da Educação do Governo Federal, temem que todo esse processo da denúncia, possa acarretar em alguma complicação para a continuidade de seus cursos, já que no Brasil o órgão que verifica a situação dos estrangeiros é a Polícia Federal, sendo o referido órgão, muito provavelmente, a instituição que o homem que os abordou faz parte. 

Pensavam em vir para a UFPE apenas para estudarem e nunca imaginaram que poderiam passar por uma situação dessas. Este texto foi escrito a partir do relato dos dois estudantes e de algumas pessoas que testemunharam o ocorrido e nos ajudaram a descrever a situação (dois estudantes de Ciências Sociais, um estudante de História e um rapaz do Centro de Educação), como também, já se colocaram para testemunharem em relação ao que aconteceu. Iremos solicitar uma reunião com a Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco para que possa ser pensado um apoio aos estudantes estrangeiros da Instituição e iremos denunciar na Ouvidoria da UFPE para que o caso seja investigado. Como esse ato violentíssimo de racismo aconteceu próximo ao Totem de Videomonitoramento “Kule 60” que fica na calçada do Centro de Artes e Comunicação, pediremos que a UFPE contribua através de seu registro das imagens, para que possamos identificar o sujeito que cometeu esse crime de racismo, previsto na Lei. n. 7.716/1989, como sendo inafiançável e imprescritível.

Assinam esta nota:

GEPMARX – UFPE

Departamento de Ciências Geográficas – DCG/UFPE

Diretório Acadêmico de Geografia da UFPE – Mudando o Clima

Diretório Acadêmico de Ciências Sociais da UFPE

Ocupe o MEPE – Chapa 1

Vamos de Preto!

Coletivo Pró-AGB – Associação dos(as) Geógrafos(as) Brasileiros(as) / Recife

Presidência da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALEP / Dep. Edilson Silva (PSOL)

Coletivo Cara Preta

Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros – NEAB/UFPE

Instituto de Estudos da África – IEAf/UFPE