Crônica - Espelho do Tempo - Manoel Messias Pereira


O espelho do tempo

Quando da minha infância havia um conto infantil, ou vários contos que eu sempre misturavam todos, eu as vezes pensava que a Branca de Neve era uma moça bonita que ficava sempre com os sete anões na floresta. E estes anões eu sempre acho que eles são gnômos ou duêntes. E que havia sempre uma bruxa malvada ou alguém que não queria que o príncipe encantado encontrasse a Branca de Neve. Mas esse príncipe não era o sapo e sim um cavalheiro que ia encontrá-la dormindo, porque a bruxa invejosa que talvez fosse a Maléfica ia envia-la através do corvo uma maça envenenada e ela comeria e começaria a dormir. E essa bruxa sempre ficava perguntando a um espelho mágico quem era a menina mais linda do reino. E o espelho mágico respondia que era a Branca de Neve.

A ideia de olhar no espelho e perguntar  é interessante. Porque toda a mulher gosta de espelho. Ali ela passa ficam a observar o seu corpo, a tirar uma foto com o celular, a dar uma tapinha no bumbum. E tens ate um funk, que fala disto. Mas a imagem refletida no espelho só pode ser ela mesma. Porém ela está hipnotizada acreditando que está mais bonita, mais sexy ou coisa assim.
Mas o que o espelho revela na verdade é o reflexo é o movimento inverso. É um mundo e os seus poderes que aparece e desaparece. Transfigura e desfigura o próprio momento. Cria ou ganha relevo dai o medo infantil das crianças, perante ao espelho. E esse medo cresce e os cineastas, os escritores utilizam-se deste recurso. O uso do medo infantilizado que cresce com o ser humano, e vão elaborar histórias de terror, de vampiro aquele que não reflete no espelho e coisas deste tipo. Ou da alma presa no espelho.

E essas histórias vão colaborar com uma série de profissionais da psicologia, da psiquiatria que passa a estudar toda a individualidade dos individuo, num sono quase profundo. Nas suas subjetividades ou não. Seus desejos, suas paixões , os modos persuasivos e forças sinceras no intrépidos.

O filósofo Diderot em sua cartas aos cegos, ele trata do ser diante do espelho se diverte. Como a menina que começa a imitar a mulher fútil que se prepara para ir as esquinas da vida vender o seu corpo. Como na figura literária de "modemoselle de Salignac" . Na verdade a primeira imitação do realismo. Ao qual podemos rir. E sobre esse riso feche os olhos. E sinta-se quem engana-se ou está sendo enganado. Observe as vozes vê se sabes distinguir a voz da mulher branca e da mulher negra. E este é o exercício que faz de olhos vendados, como o cego diante do espelho.

Mas no escuro da noite, aguça-se o o olhar, numa visão mais segura. Enquanto observamos as meninas travestidas fazendo os seus shows para os carros que passam lembro de Carta sobre os cegos com o celebre Brandon Sanderson (escritor estado unidense). É o reflexo de quem vê o que quer. É o espelho numa nova dimensão.Para Sanderson todos nós ficamos cegos pelas promessas. São as meninas com suas perucas, olhando num pequeno espelhinho de bolso e passando batom vermelho na boca. É o espelho na nova dimensão e que aprofunda-se que não são exatamente o mesmo objeto.

Olhe no espelho vê o resto do tempo. Ninguém gosta realmente de saber de sua realidade. Do seu tamanho, da sua boca, da sua cútis, de seus cabelos, das suas musculaturas. Todos se desejam serem lindos, lindas, coisas deste tipo. E no sistema capitalista a publiciadade e propaganda usam destes meios para vender serviços. Mas no espelho da realidade olhamos para nós e perguntamos como a Maléfica, e vemos que não somos os seres mais bonitos do mundo. E na floresta da existência a sempre uma Branca de Neve, que nos decepcionam.

As classes populares, os operários, os camponeses, os indígenas os quilombolas, não estão retratados fielmente nas publicidades e nas  propagandas. A mídia tornam-os todos invisíveis. Os pobres que moram naqueles barracos da capital paulísta, ou moram na rua. Não olharão neste espelho da vida pois tem medos. Os filmes mais exibidos por aqui provém dos Estados Unidos, onde a realidade é outra. Embora há informações de que o espelho da realidade dos últimos tempos tem demonstrado misérias inclusíves, sociais e políticas, enquanto todos estão falando de um mundo onde seres humanos buscam abrigos, se refugiam, e muitos destes refugiados recebem tratamentos degradantes pois são rejeitados até por países tidos como desenvolvidos dentro do sistema capitalista. E atualmente os Estados Unidos tem posto a sua ganância sobre todas as formas de humanidade que possa surgir, e dai o interesse em criar grupos de desestabilidade pelo mundo como o IS, e juntamente com israel abandonar como fez na Conferência Mundial contra Discriminação Racial e Correlatas como ocorreu em Durban na África do Sul, no princípio do Século XXI.

Quando muitas pessoas da classe trabalhadora tem a realidade refletida no espelho da vida, sentem-se de forma constrangedora. E recusa a olhar prá sua realidade e a refletir sobre as suas misérias, sobre os salários de desgraça, sobre os péssimos atendimentos de saúde, e da sua educação vendida para um mercado em que a Escola pública deve ser apenas pra fazer mãos de obras barata e atender os capitalistas de acordo com a chamada "Escola para todos" que vem na contrapartida do Banco Mundial, que atende o mercado apenas. E a ideia de que a escola é para emancipar é para construir um mundo mais desenvolvido livre e libertário que tanto sonhamos, hoje vai esvaindo-se. e todos nós sendo engolidos.

Assim como a nossa ciência de ponta vai embora daqui. E os recursos naturais sendo entregues por um governo golpista. É assim o reflexo do espelho real é sim constrangedor.

É Karl Marx e Friedrich Engels preocuparam sempre com a produção literária e artística, na referencia aos indícios dos objetos a criticar embora nenhum dos dois consagraram um estudo completo sobre os problemas da arte, mas lançaram bases teóricas  na obra A Sagrada Família. Na obra de Plekhanov na Rússia e nos ensaios de Paul Lafargue sobre a arte, a vida social, não havia uma estética marxista, mas ainda projeto para ser realizado. Lênin seguem Leon Tolstoi, e principalmente próximo da morte de Tolstoi e revela que a obra literária está sempre calcada num momento histórico e que por meio dela dá prá começar a estudar a história. E assim no espelho aprendemos a ver o rosto de nosso tempo. E como disse Caetano Veloso, o tempo é um menino tão bonito como a cara de seu filho". E quando as classes populares olha no espelho do tempo e fica constrangida. Devemos sempre entender de que a contradição da arte da literatura, da via da beleza em si, faz parte da contradição do sistema em que estamos alicerçado e acostumado a viver que é o capitalismo. E os que não consegue distinguir esse reflexo da transfiguração da desfiguração da existência creia não consegue ver pois a miséria está cristalizada e neste sistema não quebra.


Manoel Messias Pereira

poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil






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