Crônica - Eduardo Mondlane o arquiteto da Unidade - Manoel Messias Pereira

Eduardo Mondlane o arquiteto da Unidade

Era o dia 20 de junho de 1920, que o sr. Mwadjahone Mussenganhane Mondlane, um chefe tradicional, esposo de Mukunzu Mussumasse Mbenbelle, tem a felicidade de ter o nascimento de uma criança, tratava-se de Eduardo Chivambo Mondlane nascido na aldeia de Mwadjahane no distrito de Manjacasje na província de Gaza em Moçambique. Este garoto que vai ter um futuro brilhante enquanto jovem e enquanto estudante e uma grande personalidade para o seu país.

Quando Eduardo Mondlane tinha dois anos, o seu pai veio falecer e ele foi criado por sua mãe  e as outras duas viúvas de seu pai. Eduardo foi estudar na missão presbiteriana suiça em Mause e Coolela,próximo a Manjacaje, e até aos dez anos ele foi pastor de gados e lá  terminou os seus estudos iniciais e foi para a África do Sul fazer o seu segundo grau ou ensino médio. E também teve início ao curso superior, porém acabou sendo expulso, do país e da Universidade de Witwatersrand, onde cursava antropologia e sociologia, assim que chegou ao poder daquele país o Partido Nacional de linha fascista e criou o Apartheid.

Eduardo portanto aproveitou uma bolsa e foi para a Universidade de Lisboa, no qual conheceu Amilcar Cabral, Agostinho Neto, todos que transformaram em líderes na luta pela independência de seus países.Terminou os estudos nos estados Unidos na qual frequentou o Oberlin College em Ohio e a Northweslen University (Evaston Illinois) onde doutorou em sociologia. Trabalhou na ONU no Departamento de curadoria investigando os acontecimentos que levaram à independência dos países africanos. Período em que o Ministro de Portugal Adriano Moreira chamou-o para trabalhar na administração colonial, o que Mondlaine descartou pois sabia da Independência.

Trabalhou também como professor de História na Universidade de Syracuse em Nova York.

Em 1961 Eduardo Mondlane visita Moçambique a convite da Missão suiça e acabou tendo contato com vários nacionalistas. E assim convenceu-se que já havia condições revolucionárias para um movimento de libertação. Pois neste momento havia três organizações com os mesmos objetivos, 1)a Udemno - União Democrática nacional de Moçambique 2) a Manu - Mozambique African National Union e 3) a Unami - união Nacional Africana Independente, essas organizações que tinham sedes em países diferentes e Mondlane tentou uni-las e conseguiu, e com apoio de Julio Nyerere, presidente de Tanzania. E assim foi criado a Frente de Libertação de Moçambique a - Frelimo. E com base nos três movimentos Eduardo Mondlane foi eleito presidente da frelimo e tendo Uria Simango como vice-presidente.

Eduardo Mondlane no entanto viu que não conseguiria chegar a independência  sem uma guerra de libertação. E observou que precisava de uma estratégia e assim foi pensado a criação de guerrilhas com treinamento na Argélia e foi neste momento em que conheceu Samora Machel e que substituiu após sua morte. E foram treinados na Tanzânia onde a Felimo criou uma escola secundaria o Instituto Moçambique.

E vale lembrar algumas frase de Samora Machel um grupo revolucionário e teórico marxista, que dizia "É necessário fazer uma escola, uma base para o povo tomar o poder". E a luta continua contra o analfabetismo, contra a ignorância, contra o tribalismo, contra os pés descalsos, contra a exploração da ser humano por outro ser humano, contra a supertição, contra a miséria, contra a fome, a luta continua para que sejamos todos humanos iguais." Já que estamos lembrando Samora vale a pena ver o que escreveu em 1994 Juliu Nyerere, texto publicado na revista Caderno do Terceiro Mundo n.170 "Os países africanos não são apenas subdesenvolvidos, mas também pobres. a tarefa de seus governos consiste em distribuir a pobreza da mesma maneira mais justa o possível ao mesmo tempo investir todo o possível na criação de uma futura riqueza. São dilemas árduos de resolver".

E assim vimos em 1964 a luta ardua desencadeada em 25 de setembro com o ataque de um pequeno numero de guerrilheiro ao ponto administrativo de Chaí na província de Cabo Delgado. 

A Frelimo organizou um sistema de comercio para apoiar a ação guerrilheira. E nisto há dois momentos tristes do movimento, primeiro Lázaro Nkavandane que tinha sido nomeado secretario provincial foi quem organizou o sistema e mais tarde em 1969 depois da morte de Mondlane. descobre-se que Nkavandane desviava recursos do sistema. Outro incidente foi do padre Matheus Gwengere que trabalhava como professor e começou a aliciar os jovens estudantes contra o movimento revolucionário. E isto resultou na invasão do comitê Central e no assassinato de Matheus Senzo Muthemba. E exigiram a independ^ncia imediata de Cabo Delgado.

Nkavadane tentou forçar a realização de um congresso do Movimento da Tanzania mas o comitê Central decidiu que devia realizar em Matchedje na zona libertada de Niasso em julho de 1968. E neste congresso a Frelimo recebeu Mondlane como presidente reeleito e Uria Simango como vice, e ainda foi criado o Conselho executivo e nomeados os departamentos. O Congresso definiu lutar pela Independência total e completa em Moçambique.

Porém foi no dia 3 de fevereiro de 1969 Eduardo recebe em seu escritório uma encomenda onde estava uma bomba e ao abrir ele morre. A Sra. secretaria Betty King de sua esposa, suspeitou que a bomba foi preparada em Lourenço Marques pela Policia secreta Portuguesa a PIDE, mas como chegou ate Mondlane e quem o entregou até hoje ninguém sabe. Betty segundo a sua filha Niletti Mondalane era uma cidadã norte americana que trabalhava na African Americam Institute (AAI) organização não governamental que simpatizava com a luta pela independência. E assim Janeth Mondlane ficou viúva e destacou-se como a primeira diretora nacional de Ação Social e presidente do Conselho da Sida que cuida dos doentes de HIV, ficou com os seus tres filhos e um livro publicado depois de sua morte, em que ela explica como funcionava o modelo colonial e a necessidade de desenvolve o país o livro é "Lutar por Moçambique". Mondlane morreu e no dia de sua morte é considerada o Dia do Herói Moçambicano ele que recebeu o título de o "arquiteto da Unidade" E assim temos um pouco da luta de um homem na sua vida e na sua obra enquanto ser histórico, ser pensante, filosófico. E que deveria ser estudado com todo o sonho coletivo de um país que precisa caminhar nesta unidade.


Manoel Messias Pereira

cronista,professor e poeta
membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil










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