Grupos vulneráveis tem melhora no IDH municipal, mas desigualdades persistem no Brasil


Grupos vulneráveis têm melhora no IDH municipal, mas desigualdades persistem no Brasil


Relatório lançado nesta quarta-feira (10) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostrou que houve melhora do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre os grupos mais vulneráveis — como mulheres, negros e população rural — entre 2000 e 2010.
No entanto, as desigualdades persistem. Apesar de diferença entre o IDHM de negros e brancos ter se reduzido pela metade no intervalo de dez anos, o IDHM da população negra era 14,4% inferior ao dos brancos em 2010.
O documento consolida o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e 170 indicadores socioeconômicos para o Brasil. Foto: EBC
O documento consolida o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e 170 indicadores socioeconômicos para o Brasil. Foto: EBC
O relatório “Desenvolvimento Humano para Além das Médias: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal” por cor, sexo e situação de domicílio, lançado nesta quarta-feira (10), apresentou uma radiografia das desigualdades e semelhanças entre mulheres e homens, negros e brancos, e populações urbanas e rurais no Brasil.
O documento consolida o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e 170 indicadores socioeconômicos para o Brasil, as 27 unidades da federação, 20 regiões metropolitanas e 111 municípios do país. Os dados são referentes aos anos de 2000 e 2010.
“A melhora no IDHM para o período foi maior para os mais vulneráveis, o que pode ter contribuído para a diminuição da desigualdade no país”, aponta o relatório.
Nesse intervalo de uma década, a taxa de crescimento anual do IDHM da população negra foi de 2,5%, ante 1,4% dos brancos, 1,9% das mulheres e 1,8% dos homens.
A diferença entre o IDHM de negros e brancos reduziu-se pela metade no intervalo de 2000 a 2010 — em 2000, o IDHM da população negra (0,530) era 27% inferior ao da população branca (0,675), ao passo que, em 2010, o IDHM dos negros (0,679) passou a ser 14,4% inferior ao dos brancos (0,777).
O estudo realizado pela Fundação João Pinheiro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (PNUD) sistematizou esses dados a partir dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, desagregando-os por cor, sexo e situação de domicílio. Cada indicador está vinculado a um subíndice: IDHM Educação, IDHM Renda, ou IDHM Longevidade.
A análise dos dados revela um equilíbrio maior do IDHM de mulheres e homens. Enquanto o índice delas era de 0,596 em 2000, passou para 0,720 em 2010. Os homens tinham um índice de 0,602 em 2000 e alcançaram 0,719 em 2010.

Apesar dos avanços, as desigualdades persistem

Mesmo estudando mais que os homens — 56,7% das mulheres com mais de 18 anos têm o ensino fundamental completo, ante 53% dos homens —, em 2010 elas apresentaram renda média no trabalho 28% inferior à deles. Enquanto as mulheres recebiam, em média, 1.059,30 reais, eles ganhavam cerca de 1.470,73 reais no mesmo ano.
Quando se analisa a situação de domicílio, a renda domiciliar per capita média da população urbana em 2010 era quase três vezes maior do que a da população rural: 882,64 reais e 312,74 reais, respectivamente.
A escolaridade da população adulta revela um abismo: 60% da população urbana com mais de 18 anos possuía em 2010 o fundamental completo, ante 26,5% da população rural. No mesmo período, a população urbana vivia em média três anos a mais que a população rural: 74,5 anos contra 71,5.

Unidades da federação

Roraima foi o único estado que apresentou aumento de desigualdade do IDHM entre negros e brancos de 2000 a 2010 (0,033). A maior redução de desigualdade entre esses dois grupos foi observada no Espírito Santo e no Mato Grosso do Sul, com uma queda de 0,042 no índice.
Em Santa Catarina, foi observada a maior diferença na renda média do trabalho entre homens e mulheres, em 2010. A renda média das mulheres era 34,84% inferior a dos homens: 1.079,82 reais ante 1.655,74 reais.
As maiores diferenças percentuais entre o IDHM da população urbana e o IDHM da população rural, em 2010, foram observadas no Amazonas, onde o índice rural era 47,5% inferior ao urbano, seguido do Acre (40,3%) e Roraima (37%).

Regiões metropolitanas

A região metropolitana de Maceió apresentou a maior redução na desigualdade entre brancos e negros entre 2000 e 2010: 0,035. Fortaleza e Salvador também tiveram reduções significativas: 0,037 e 0,035, respectivamente. Em nenhuma região metropolitana brasileira houve aumento na diferença entre o IDHM de brancos e negros.
A região metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte apresentou a maior diferença na renda média do trabalho entre homens e mulheres. A renda média das mulheres era 35% inferior a dos homens: 1.112,94 reais e 1.711,69 reais, respectivamente.
Por sua vez, as maiores disparidades entre o IDHM da população urbana e o da população rural foram observadas na região metropolitana de Manaus (31,3% inferior ao urbano), seguida da região metropolitana de Natal (30,2%) e do Recife (27,9%).
Municípios
Na escala utilizada no relatório, a população negra não possui IDHM muito alto em nenhum dos 111 municípios analisados. Já a população branca atingiu esse nível em 50 municípios em 2010.
Para o IDHM médio, a situação é inversa: enquanto 28 municípios possuem população negra nesse recorte, nenhum município teve população branca nessa faixa (todos estão nas faixas de alto ou muito alto).
Em Feira de Santana (BA) o IDHM da mulher era 9,3% inferior ao do homem para o ano de 2010. Em Porto Alegre (RS), o IDHM da população negra era 18,2% inferior ao da população branca.
O relatório Desenvolvimento Humano para Além das Médias: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal por cor, sexo e situação de domicílio está disponível aqui.


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