Crônica - Professor Manoel Antunes - Manoel Messias Pereira

Professor Manoel Antunes

A cidade de São José do Rio Preto-SP, neste dia 4 de março de 2017, amanhece com lágrimas no olhar, falece o ex-prefeito Professor Manoel Antunes. Um grande patrimônio político que dirigiu o executivo de São José do Rio Preto em dois mandatos, perfazendo 10 anos de governo. Implementando neste município o Projeto Cidade de Porte Médio. E por meio de um decreto dele responsável pela criação do Conselho Afro brasileiro em São José do Rio Preto-SP.

E agora buscando na memória recordo que  a cidade de São José do Rio Preto, numa época lançava três candidaturas do MDB, no seu período de transição políticas, e os candidatos eram, José Eduardo Rodrigues, professor  Manoel Antunes e o médico e advogado Dr. Wilson Romano Calil.  Período de turbulências entre os aguerridos grupos políticos e na época houve um confronto entre cabos eleitorais e militantes de José Eduardo e Romano Calil. E quem acabou vencendo as eleições foi Manoel Antunes. Foi o período em que conversei com os três candidatos de oposição a Arena.

E estive na sua residência que era na Vila Zilda próxima hoje da Associação Cultural Antonio Vasconcelos - no Vasco. E conversei com a sua senhora sobre uma vaga na creche para o meu filho e fou prontamente atendido. No seu gabinete compareci algumas vezes e deixei alguns bilhetes em que observava, serviços que deveriam ser realizados pela prefeitura, e que eu pedia para que ele agilizasse no máximo o possível. Mas lembro sim que a sua administração ele resolveu que todos deveriam fazer sugestão lá na prefeitura. E eu fui e fiz sugestões usando as datas históricas e litúrgicas dos cultos afros brasileiros. E recordo que fui o último a apresentar essas sugestões e não havia quase ninguém na sala pois muitos saíram antes, pois reclamaram que não receberam o convite formalmente. E eu sabia que jamais receberiam um convite formal, pois a minha forma de pensar e ideologia era contrária a todos os presente. Então sorri calmamente.

A meu trabalho de história do final de curso era "Manoel Antunes" e eu destaquei-o como atleta e como prefeito humanista que sempre foi. E assim que foi lançado o Conselho de participação da comunidade negra em São Paulo, fomos fazer visitas com uma perua kombi da prefeitura, e quem dirigiu o veiculo foi um motorista que chamavam de "Gordo", e para lá lembro-me que tínhamos uma delegação de negros em que estávamos indo conhecer e trazer informações, na vigem estava Aristides dos Santos (falecido), eu Manoel Messias Pereira, João Gonçalves, Professor Vanzorico de Souza e Jose Lucas Chandobeck (falecido). E após o que trouxemos, o professor Manoel Antunes elaborou e organizou o decreto que criou o Conselho Afro.

E em agosto de 2015, fui convocado para uma oficina no escritório da Organização das Nações Unidas -ONU em são Paulo, naquele momento não tinha um tostão pra pegar o ônibus e fazer essa viagem afinal sou professor fui grevista e fiquei sem salário e ainda hoje continuo pagando por minhas faltas. Quando falei sobre isto ao Professor que não pensou duas vezes e disse te pago a passagem, e eu disse devolvo o valor assim que chegar e receber o meu salário. E assim foi feito, outra passagem consegui com outro amigo. Portanto mais uma vez observei a solidariedade do bom professor e do grande homem ex-prefeito de minha cidade.

Lembrar de Manoel Antunes é lembrar deste meu xará como ele me chamava sempre com um imenso carinho. Eu sempre acredite que a nossa época podemos trazer ideias traços comportamentais que objetiva ter uma sociedade futuramente melhor em que a paz seja plenamente instaurada, em que o trabalho seja essencialmente a vida e um principio do sentido existencial de cada ser humano. e que devemos sempre servir com as nossas ideias revolucionaria a Pátria, com um pleno socialismo. em que todos possam ser felizes, em que todas as felicidades resumam-se na libertação e na construção de nossos sonhos sem as barreiras e os entraves da burocracia pejorativas e problemas financeiros. E essa teoria não é convergente com esse mundo de competitividade, de criação das diferenças sociais de maneira pragmática e corriqueira. E neste contexto é que convergíamos com o mesmo olhar.

Agora é hora, de observar a terra que recebe, o seu bendito fruto. Refletindo sempre na ideia de que esse mundo de Olorum, que teve seus orixás como auxiliar e visto no contexto da natureza, como o ar, o fogo, a água, a terra, teve Nana Buruku, entregando o barro a Olodum dando o sopro divino e concedendo a vida, mas com a promessa de que assim que terminasse a etapa da vida seria novamente entregue a Nanã ou seja volta a terra. Assim é a lenda. Assim é feito, após a cerimônia litúrgica A todos os familiares de Manoel Antunes, meus profundos sentimentos.

Manoel Messias Pereira

professor, poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP.







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