O Negro
A raiz do negro é o fortalecimento cultural
que alicerçou a sua existência, com resistência, na construção de uma
vida, longe de sua mátria, distante de sua frátria, mas consciente de
uma Pátria encontrada. E esse é o ser da diáspora africana, que trouxe o
toque de tambor, o batuque e o batucajé, o omoloco, o tambor de minas, o
Xango do nordeste, e o candomblé.
Foi o ser negro que ensinou-nos, o
vatapá, o cus-cus, a feijoada e o acarajé, que nos mostrou os seus
deuses com todas as virtudes e os defeitos que o próprio ser humano, que
possibilitou-nos entendermos a frase "não creia num deus que não
dançe", e assim construímos os nossos pontos aqui na terra firmado na
pedra filosofal, sejas no mar, no ar, nas plantas assim como entendemos
os nossos orixás. O nosso sincretismo nasce desta construção religiosa,
fazendo cabeças, e assim nasceu a umbanda, como uma nação de paz e amor,
um mundo de flor, a iluminar e humanizar todos os seus filhos. E é da
umbanda que nasce a quimbanda com suas encruzilhadas, no respeito pela
vida, pelas dores e pelo castigo da quizila, pelos mal atos praticados,
pois quem planta o vento colhe a tempestade, pois não cairá uma folha da
mangueira se não houver o designo de nosso pai Orixá-Alá.
É da
cultura, banto, gegê, nagô, hottentotes yorubanos e islâmica, vimos a
beleza de uma etnia em desfile pelas escolas de sambas, pelos terreiros,
que nos deixam um legado cultural incrível, ao nosso olhar no nosso
íntimo, ao nosso entendimento. É o unico povo que luta, em passo de
dança, como um balé de capoeira, que já inspiraram no Brasil, artistas
como Baden Power, Vinícius de Morais e Camafeu de Oxóssi.
A flor
desta cultura é a geração que precisa viver, que pra isto tem de
respirar, e construir parâmetros de sociabilidade de vidas pra
transformação deste PAÍS. essa é a geração que não pode apenas respirar o
eurocentrismo histórico do currículo escolar, que não pode viver com o
processo discriminatório, de uma sociedade que faz uma medicina
negligente, pois não há coragem pra fazer um exame de anemia falciforme
nos postos de saúde ou sejas pelo "sus" sistema único de saúde ou pela
medicina privada, e é essa geração que não pode apenas ser o autores
vítimas das batidas policiais inadequadas discriminatórias, pois o
passado mostra-nos que nas academia de policia o ser negro era tido como
bandido em potencial, obviamente graça ao fruto de uma política que
passa pela mestiçagem, pela luso-tropicalidade, pela falsa democracia
racial, tão descrita por Gilberto freire e tão desmascarada pelas obras
de Florestan Fernandes.
Ser negro é ter da raiz a flor, uma
identidade de amor pela natureza, de respeito ao outro, na construção
deste país, como nação, a dispora africana, no Brasil fincou raiz e hoje
exige participação nas universidade, no mercado de trabalho, no
respeito social, dai ser negro é ser essencialmente brasileiro, tido
hoje como afrodescendentes, os guerreiros do Brasil, guerreiros da Paz e
da harmonia.
Manoel Messias Pereira
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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