Dia da Mulher Guineense
Quando
olhamos a vida, encontramos a beleza. E como escreveu Plotino em
"Eneadas", a beleza é mais que a própria simetria uma luz que incide
sobre a simetria das coisas e nisto consiste o encanto.
Quando
verificamos a história de Guiné Bissau, deparamos com a figura de
Amilcar Cabral, assassinado por colonialistas, por meio de espiões que
foram colocados dentro do seu partido o PAIGC, como é o caso de
Inocêncio Kani. E por isto que Ernestina Silá, conhecida como Titina
Silá, se deslocava para acompanhar o funeral de Amilcar Cabral,
atravessando o rio Farim numa piroga, juntamente com várias
combatentes, quando tropas portuguesas atacaram a embarcação e Titina
morreu e seu corpo desapareceu, no dia 30 de janeiro de 1973. E pra celebrar essa data lembrando a
heroína guineense, foi criado o Dia da Mulher guineense.
Um
dia de colocar flores, numa homenagem póstumas as grandes heroínas, que
deram a vida na luta pela independência de Guiné Bissau. Um dia de
lembranças, e um dia reflexivo.
A
reflexão parte inicialmente do valor histórico, da luta de todos os
guineeses pela liberdade, pela busca de sair das garras imperialistas
coloniais. Mas também pelas vidas destas mulheres valorosas, que lutam
até hoje, diante de todas as violências que este mundo ainda não
conseguem superar. E nisto vimos que as mulheres guineeses, representa
uma parcela de 51% da população de Guiné Bissau, e grande parte delas
sustentam as suas famílias, embora na representação política elas são a
minoria. E entre os problemas que elas enfrentam estão presente as
violações dos direitos humanos.
As
mulheres guineeses entre os problemas enfrentados constam os casamentos
precoces e forçados, que são submetidos as meninas, as violências
domésticas, a mutilação genital feminina, o abuso e violência sexual e o
assedio sexual nos locais de trabalho.
A
desigualdade das mulheres também são facilmente observadas pois elas
frequentam as escolas 1/4 menos do que os homens, tem o índice de 3/4
anos de escolaridades e isto segundo o Relatório de desenvolvimento de
desigualdade Humano das Nações Unidas. Além de que essas mulheres tem em
cada família a média de cinco crianças cada, uma das mais altas taxas
de fecundidade, mas das 1000 crianças que nascem 129 crianças morrem
antes de completar os cinco anos. E também não há uma estratégia para as
mulheres que moram no meio rural.
Na
economia, parte destas mulheres vendem peixe nas ruas, e muitas delas
possuem arcas velhas para conservar os pescados, outras plantam em casa
frutas e verduras e vendem, num serviço ambulante produtos como cenoura,
pepino, pimenta malagueta, alface, manga, banana, laranja e outros
produtos e neste trabalho ficam em condições perigosas de serem violadas
sexualmente. Outras mulheres recolhem areias para os trabalhos na
construção civil. E assim temos mulheres pagando escolas, comprando
roupa para os filhos.
E
preocupados, com os problemas das mulheres, em Guiné Bissau, vemos que o
Conselho de segurança da ONU em fevereiro de 2015 prolongou o mandato
do gabinete Integrado das Nações Unidas para a consolidação da Paz na
Guiné Bissau - UNIOGBIS. E neste contexto o ministro Carlos Correia diz
que a luta é para estabelecer uma estabilidade e crê que a missão deva
ser interventiva. Além dos problemas já enumerados em relação as vidas
das mulheres. O medo ainda tem outros males como o tráfico de drogas e a
ameaça de terrorismo. Há quem defenda a mudança de estratégia de
trabalho utilizando a ECOMIB, a ECOWAS, CPLP,e a UA, coordenando ações
para uma melhor estratégia. E na resolução da UNIOGIS n.s2267 o conselho
de segurança da ONU pede ao presidente e ao primeiro ministro ao chefe
do parlamento para cumprir os seus compromissos e levar a estabilidade
alicerçado nas necessidades e nos interesses da população.
Enquanto
isto as mulheres tem um projeto chamado 50/50 até 2030: promoção de
Igualdade entre homens e mulheres com várias iniciativas para recordar o
percurso das mulheres, as dificuldades e as conquistas ao longo de
acordos e lutas pelos direitos de oportunidades. Quanto do novo governo,
que assumiu no final de 2016, do Ministro Umaro Sissoco Embolá, que tem
24 ministério e 13 secretarias de Estado. E sabemos que 146 Comunidades
declaram que estão abandonando a mutilação genital, que é uma prática
condenada pelos direitos Humanos.
Entendemos
que o sistema capitalista possibilita, que a riqueza concentra-se nas
mãos de um classe política e econômica, e que é minoria e quem detém os
postos decisórios econômicos e mantém a grande massa num processo pleno
de exclusão e diante destas constatações vemos as mulheres das camadas
sociais trabalhadora, assim como suas famílias apenas como mão de obra
baratas sujeitas a exploração do capital. E em relação a mulher que é
mais explorada ficamos com a certeza de que a vida é dura e não há como
reportar uma negação nesta minha observação. E nisto penso que o ser
humano percebe a beleza terrena, numa verdade que voa na sua própria
direção, e nisto volta -se os olhos para o céu e nota -se que ela
beleza, é muito além das simetrias, ou melhor é uma luz que que incide
sobre a simetria das coisas do mundo e nisto é que há um encanto. A
beleza histórica das mulheres na luta pela existência e pela
independência de todo um país, leva-nos a entender da luz sobre a
ternura da simetria.
Manoel Messias Pereira
poeta e cronista brasileiro
Membro da Associação Rio-pretense de Escritores - ARPE
Membro Academia de Letras do Brasil -ARPE
São José do Rio Preto -SP. Brasil
Comentários
Postar um comentário