Cronica - A pergunta de Meu filho - Manoel Messias Pereira

foto de Raul Sanches Pereira

A pergunta de meu filho



É preciso cada um de nós ser pais pra responder as indagações de nossos filhos, sempre. Não temporariamente mas sempre.



Cada um de nós somos seres pensantes, cada um de nós somos seres filosóficos. Pensar é um ato, um passo para o processo de reflexão. é preciso que cada um de nós possamos estabelecer os nossos laços de ternura com a vida e isto pode dar-se-a com a construção filosófica e ideológica. Pensar dizia uma frase que li num livro qualquer pode causar. O verbo causar, tem inúmeros significados quando dito de forma intencionalmente. O causar pode ser bom, pode ter um certo sentido, despertar um bom ou mau sentimento. E há quem diga que pensar muito é sinal de insegurança, como no caso do cliente que ao tentar fazer uma compra diz ao vendedor, vou pensar primeiro depois volto aí. Ou pensar demais disse outro alguém que é causar problema para sim mesmo. Mas o importante é que não há como filosofar sem por o pensamento pra funcionar.

Pensar não pode ser apenas abstração e propositalmente trago a fala do cotidiano para refletir o processo da sensível realidade. A concretude do pensar pode ser sobre o objeto do existir, sobre a natureza da qual estamos submetidos a observar, a tocar, a deglutir, a viver. Ah quem afirme que há um ser superior que criou a terra, a água, o céu, o universo em si. O que sei é que como simples humano hoje creio que a responsabilidade sobre esses elementos deva ser de todos nós.

E pensar nisto passa por dois caminho, ou mudar para continuar a existir ou deixar o mercado dar a linha para tudo desaparecer. E o mundo deve então responder para uma utopia ou morrer. Para mim eu penso em revolucionar ou caminhar em passo largos para caos, para o processo de degradação material e social da existência.

Alguns filósofos e poetas creem que sobreviver neste contexto já é viver. E a opção é que ninguém deve delegar ao seu próximo essa tarefa. é preciso portanto unir forças contra a implantação da central da morte, por meio da insensibilidade da justiça que mantem a sua santa cegueira e do mercado, que vê no capitalismo apenas lucros da classe burguesa e nenhuma humanidade em relação ao trabalhador.

E compreender o mundo neste caso pode ser esquadrilhando os próprios pensamentos das almas humanas, em busca de uma solução para os problemas da comunicação. Ou investigando os por ques e o como as coisas e conceitos assim como as causas das transformações.

Aos que esquadrilham os sonhos deparam com atitudes que desdenham as questões da realidade, da vontade do idealismo subjetivo e toma por base as sensações, as percepções, as consciências do refletir individual. Na Grécia antiga Platão comparava esse mundo sensível a caverna iluminada, em que encontram homens imóveis e de costa para a grande fogueira, para essas chamas meditais.

Já num segundo pensar no ser que investiga as questões, deparamos com o artífices de Georg Willelm Frederich Hegel (1770 a 1831) e Karl Marx (1818 a 1883), um filósofo idealista da dialética, e o outro o materialista que possibilitou o materialismo histórico dialético. E para eles o pensar foi o aspecto particular da mutação incessante da sociedade, que ultrapassa etapas sempre engendrados por uma dinâmica, da tese versus antíteses e obtendo na sequência a síntese, que se torna tese e que vai encontrar uma outra antítese e assim o mundo caminha. Hegel ensina que cada novo sistema filosófico que advém tem o seu ponto de partida nas concepções filosóficas precedente, as reelaboradas à luz dos conhecimentos. e a filosofia verdadeira não pode estar alheia ao processo. E assim continuamos a pensar a vida, o mundo cotidianamente.

Um dia meu filho ainda garoto, fazia-me uma pergunta, acreditando que eu como pai tinha todas as respostas. Mas eu não tinha todas as respostas e precisava mostrar pra ele que eu também fui construído num estúdio de inseguranças. Lembro que ele perguntou-me se eu acreditava nos átomos, e eu disse sim a ciência já tem como resposta que essa é a menor partícula que existe na natureza. E ele disse o senhor já viu? e qual a forma que apresenta-se? Eu disse que os conceitos com o qual trabalho não permite-me talvez manipular essas informações com a objetividade que um garotinho de oito anos me pergunta e a resposta continua a ser o da insegurança, do vou pensar depois te falo.

E este pensar e este refletir seja talvez todos os dias revisar os nossos apontamentos, todas as minhas filosofias, é a tentativa de guardar na memória as doutrinas que consagramos no estudos desta nossa natureza. É preciso entender que nada nasce do nada de outra forma tudo poderia nascer de tudo sem necessidade nenhuma de uma semente. O universo sempre foi o mesmo e será eternamente o universo. E ele está constituídos de corpos e de vazios. que os corpos existem, a sensação o atestam em todas as ocasiões.e se não existissem os vazios os corpos não teriam onde se localizarem.

E entro os corpos aos que são compostos e outros dos quais os compostos são constituídos. e estes são indivisíveis e imutáveis se não quiserem que todas as coisas sejam reduzidas ao não ser, mas que permanecem , após a dissolução dos compostos, elementos resistentes de uma natureza composta e essas informações estão no livro de João Quartim de Moraes, embora eu possa ter equívocos em ler uma só vê e acreditar que entendi ao pé da letra ou na luz interpretativa tudo. Mas eu também não quero ter a sensação de que sei tudo, creio sim que sou um ser em construção na insegurança da sobrevivência. vivendo entre os átomos que movem-se continuamente desde sempre:num entrechocar-se, afastando-se para longe do outros, e outros ao contrários entram em vibrações, tão logo aconteçam de estarem ligados por entrelaçamento ou quando não estão envoltos. a questão é que não há começos para esse processo os átomos e os vazios existem pela eternidade.

Ah, peço a meu filho que desculpe-me pela demora da resposta, pois o tempo passou e ele cresceu e a pergunta que ele me fez, ao sair para o trabalho, se eu tinha visto ou tocado o átomo, e eu fiquei nesta insegurança da resposta e já demorei mais de vinte anos pra responder. Ah! e prepare filho que o seu filho também vai perguntar outra coisa semelhante talvez. E talvez você fique mais vinte anos pra uma resposta cabível. O importante é que é preciso pensar. A reflexão as vezes leva-nos a levitar, na razão e na emoção. Beijo paternal garoto.

Manoel Messias Pereira

cronista, professor e poeta



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