Cronica - A básica educação excludente - Manoel Messias Pereira


A básica educação excludente

Os meus tempos de garoto ou de adolescente, e aqueles trabalhinhos de escola principalmente de desenho ou de educação artística, que esculhambação como era deprimente. Foi neste contexto que comecei a descobrir o processo de preconceito na qual todos as crianças passam e sofrem, numa educação excludente, num período ditatorial chato aos extremos.
Era 1965 tinha 9 anos completos e cursava o terceiro anos de grupo, estudava na Escola Estadual Dr. Cenobelino de Barro Serra, bem na Avenida da Saudade em São José do Rio Preto-SP e percebi que a professora pediu uma série de materiais e dentre eles uma cartolina azul para todos os meninos e uma cartolina roa para todas as meninas. E nesta época a minha professora era uma senhora bem magra chamada Magali Correa, e que usava um extremo baton vermelho. Eu achava inclusive uma mulher feia. Mas ela já morreu.
Na minha sala um garoto que chamava William, achou por bem levar uma cartolina rosa. Eu até acho que ele não sentia-se um garoto e sim uma garota. Mas naquele tempo a escola era preconceituosa e nem notava essa questão de gênero. E entre as meninas uma garota magricela chamada Iara, que não levou cartolina nenhuma. O que a professora fez entregou a cartolina do Willian para a Iara. E eu que era negro era menino, nunca me senti diferente   havia entregue uma cartolina azul, como mandava ditatorialmente a escola. Porem entregaram a minha cartolina azul para o William.
Resolvi reclamar e disseram a depois nós vamos ver isto. E nunca viram. A função daquela cartolina era organizar uma pasta em que a professora bordava desenhava, fazia o diabo de quatro, para enfeitar para os alunos colocar os seus trabalhos de desenho.
Fui reclamar mais de uma vez que a minha pasta não veio e eu havia entregue a cartolina. Mas todas as vezes que falava sobre isto o assunto era , ah! é aquele negrinho. Coitado ele é um pobre desgraçado e  que pensa que trouxe  a cartolina dele. Se desejassem  resolver isto uma professora uma diretora teria arrumado uma cartolina e entregue-me. Mas isto não ocorreu.
Quando começaram a organizar aqueles desenhos de crianças todos tortos mal feito, que a professora colocava nota sei lá. Eu tinha a felicidade de não fazer nada. E a história era a mesma como vou fazer se nem tenho pasta, E depois de algum tempo eu queria que tudo fosse explodido, E pensei que vou ganhar com essa porcaria  de desenho. E pensava que perda de tempo. Se fosse uma obra de arte mais uma desgraça de desenho de criança. E olhava aquela professora e falava comigo mesmo, feiosa  vá pro inferno.
Até que um dia aquela professora sumiu. Dei graças a Deus e no seu lugar uma moça jovem, chamada dona Marilene, uma mulher educada, fina, e fez até uma pastinha para colocar os meus desenhos. Já nem acreditava mais. Porém o trabalho dela era na leitura, na gramática, na aritmética,passei a tê-la naquela escola como um anjo da guarda. Era uma moça linda do ponto de vista estético e não usava maquiagem. Ah eu as vezes encontro -a já está com a idade bem avançada.
Entendi que quando falavam ah' é o negrinho significa que a escola era da exclusão e eu era o ser para ser excluído. as favas aquela escola de 1965. Quando não olharam para o garoto William com o olhar que ele talvez desejasse, não sei do sentimento dele, mas acho   que ele sentiu-se discriminado na sua vida sexual.
Já na minha adolescência, na 7 serie, ano de 1972, conheci um velho professor, de educação artística, chamado Sr. Alcino, que dava muita dor de cabeça, principalmente com aqueles trabalho que era uma esculhambação, era casa de barro, eu olhava e ficava pensado sera que esse chato acha que sou passarinho João de Barro, merda. Ao receber o trabalho ele já mandou vir com o latão do lixo e jogou lá dentro. e eu pensei que bosta. E ele atribuiu a nota   7.
Ou outras vezes ele mandou fazer um chinela de borracha achei uma chatice, pois era uma coisa de mal gosto, depois ele pediu um trabalho de gesso e de pintura, foi até legal depois dei para minha mãe.  E no Mês do folclore pediu um trabalho sobre costumes do povo brasileiro. Fiz uma boneca de pano de bruxaria. E o velho professor disse isto não é folclore. Eu falei é sim o senhor que não conhece e não sabe nada. E esses trabalhos todos que o senhor passa é só pra encher o saco. Acho sua matéria realmente não serve para nada, esse currículo é uma porcaria.
O Seu Alcino foi falar com a minha mãe. E ela repetiu exatamente o que disse, Falou professor não sei que a escola ou o Estado quer fazer com um menino adolescente organizando esse trabalho manual que não serve para nada. E disse ainda se o senhor não sabe o que fazer vá plantar bananeira. Achei interessante ele era gordinho, eu pensei será uma atração interessante. Darei boas risadas. Esse professor também já morreu.
Acabou o ano e não tive mais essa matéria. Repeti na matéria de desenho no outro ano. Outra porcaria pois nunca usei aqueles desenhos para nada. E as matérias do mesmo ano, foi modificada e as dificuldades que tive não surgiu mais durante o próximo ano letivo. A escola não valeu nada neste contexto da repetência. Uma droga uma punição tonta. Neste sentido a escola foi imprecisa. O currículo não foi discutido com a comunidade e se foi, creio que ficou mal resolvida. E em termos de arte há uma serie de coisas que pode estar em beneficio de outras matérias, que possa ajudar na compreensão do desenvolvimento cultural e intelectual como ser humano e como ser pensante. Mas te confesso que sai da escola pública e confesso que não tinha condições de analisar uma obra de Michelangelo, ou de Rebolo ou Picasso e nem entender os traços as razões disto ou daquilo. Afinal raio pra que serviram essa formação artística meia boca para nada.
E neste caso acho  que faltou o Estado repensar as suas matérias, com a comunidade e o currículo ser debatido com pais professores e Escola se faz é com equipe escolar, com autonomia de ensino com aperfeiçoamento de profissionais de educação, plenamente capacitados do contrario, e com liberdade de cátedra. Do contrário  continuam a enganação. Credo. Tendo a educação excludente  e discriminatória. E para isso hoje existe até um grupo pela internet para ensinar a excluir o seu próximo, a tal pátria educadora.Credo.
É um horror os caminhos pela qual a educação caminha e a escola aos poucos vai transformando no inferno, de preconceito discriminação, fofoca e anti ciência. E cabe a todos nós fazer a criticar para ter um rumo certo. Ou deixa essa porcaria assim mesmo, piorando dia a dia.
 Recordo que neste governo atual teve uma secretaria, ou ministra que além de falar o seu currículo de mentira disse que o menino vestia azul e a menina vestia rosa. Pensei a merda ainda continua fedendo. E é preciso ter coragem para pedir as pessoas que tenham respeito, dignidade e ética educacional. Do contrário continuamos a fazer as critica precisas, para uma escola que vai pouco a pouco diluindo-se  e perdendo em ideologia neo fascista. Que em plena quarentena contra o Covid 19 o presidente da Republica fala em abrir a escola, para que?Contaminar as crianças e contaminar as famílias, sem nenhum respeito, sem nenhuma ética.


Manoel Messias Pereira
professor, cronista e poeta
São Jose do Rio Preto-SP.

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