Artigo - A Narrativa do Herói: Agostinho Neto - Manoel Messias Pereira



A Narrativa do Herói: Agostinho Neto

Hoje em Angola comemora o dia do Herói, pois é a data que lembra o nascimento de Agostinho Neto.Natural de Caxicane freguesia de São José no Conselho de Icolo e Bengo, em 17 de setembro  de 1922 e acabou falecendo em Moscou em 10 de setembro de 1979.

 Confesso que ouvi falar dele com o amigo João Aparecido da Cruz, o mentor e fundador da Fusocaab -Fundação Sócio Cultural e Assistencial Afro Brasileira de São José do Rio Preto-SP, que na verdade era uma associação criada em 1979, e registrada somente em 1981, quando o mentor passou a ter a maioridade. E junto estávamos, eu Manoel Messias Pereira na época estudante, o Sr. José Afonso Imbá, militar e pianista(falecido), o José Lucas Chandobeck linotipista do Correio da araraquarense(falecido), Paulo Oliveira o Paulinho marcineiro que nunca mais  encontrei,João Roberto Mendes, tipógrafo(ja falecido) e outros amigos. Que vieram constituir uma nova geração de militantes pela causa do afro-brasileiro de São José do Rio Preto. E a figura de Agostinho Neto era muito difundida pois em 11 novembro de 1975, Agostinho Neto proclamava a Independência de Angola.

Agostinho Neto foi o presidente do Movimento Popular de Angola e em 1975 tornou-se o primeiro presidente daquele país até 1979 e a ele foi atribuído o Prêmio Lênin da Paz.

Fez parte da geração de estudantes que viria desempenhar o papel decisivo na independencia de seu país, naquilo que se chamou Guerra colonial Portuguesa. Foi preso pela Policia Internacional e de Defesa do Estado a PIDE e a policia politica de Antonio Salazar. Num regime de extrema direita que esteve em vigor em Portugal. Foi deportado para Tarrafal, uma prisão politica de Cabo Verde, sendo-lhe depois fixada a residência em Portugal, de onde fugiu para o exílio.

E aí assumiu a direção do MPLA da qual já era presidente desde 1962 e paralelamente a isso desenvolvia as suas atividades literárias.

Porém a sua história pessoal mostra que seus pais que eram professores e seu pai pastor metodista, mudou-se para Luanda, tendo concluido os ensinos primarios em 1937 e iniciados os seus estudos secundarios no Liceu Salvador Carneiro e concluiu em 1944. 

Após a conclusão foi contratado pelos serviços administrativos da África Ocidental Portuguesa como funcionário do serviço de saúde, o que possibilitou a ampliar a visão dos problemas colonial. Portanto neste trabalho ele passa a ter uma compreensão da classe social dos trabalhadores e dos colonizados de um modo geral, ou seja passa a ser sensível a isto desperta-se. Em 1951 foi eleito representante da Juventude das Colônias Portuguesa (JCP) junto ao movimento da Unidade democrática e Juvenil (MUDJ) que era um grupo ligado ao Partido Comunist Português - PCP. Essas atividades rende-se a uma prisão pelo PIDE em 1951. E depois em 1955 foi novamente preso por sua atuação juvenil e condenado a 18 meses de encarceramento.

E essa prisão mobilizou muitos intelectuais em seu apoio que fizeram uma petição internacional por sua libertação e neste contexto estava solicitando isto Simone de Beavoir, François Mariac, Jean Paul Sartre e o cubano Nicolas Guilen.

Em 10 de dezembro de 1956 ainda encarcerado, houve a fundação do Movimento Popular de Libertação de Angola o MPLA, a partir da fusão de dois grupos nacionalistas o Partido de Luta Unido dos Africanos de Angola e o Partido Comunista Angolano, além de outros grupo menores que vieram compor. Agostinho foi libertado em 1957 e dedicou a formalizar os seus estudos em medicina na Universidade de Lisboa em 1958. Vale lembrar que ao sair de Angola, para Portugal Agostinho foi mesmo para a Universidade de Coimbra, mas foi lá que fundou  uma seção da casa do estudante do Império CEI. Neste grupo funda-se um movimento em Lucio Lara, Orlando Albuquerque. Dão origem a um grupo de jovens intelectuais de Angola. E em 1948 ele ganhou uma bolsa de estudos pelos metodistas americanos e transferiu-se para a Faculdade de Medicina de Lisboa, e continua a sua atividade com o CEI. Em 1948 recolhe assinaturas para Conferencia Mundial da Paz, acaba preso pela PIDE e fica encarcerado tres meses, onde tem contato com Marcelino dos Santos, Amilcar Cabral, Mário Pinto de Andrade, José Tenreiro e fundam o Centro de Estudos Africanos, na clandestinidade, grupo que foi fechada pela policia Internacional em 1951.

Em 1959 integra o Movimento Anticolonial (MAC) embora liberto, não tomava parte como filiado para evitar ser novamente preso.  Vai para Luanda e é preso lá em 1960 e surge uma grande manifestação de solidariedade diante de seu consultório médico. E operações policiais são levadas a cabo contra seus apoiadores e a aldeia onde nasceu foi invadida pela forças militares. Ele foi levado para a cadeia em Algávares em Portugal Sendo depois levado para Cabo Verde ficando na prisão de Ponto do Sol, na Ilha de Santo Antão e depois transferido para Campo do Tarrafal e fica lá até 1962, onde escreve vários poemas. Ao ser libertado permanece em Lisboa até 1963 e foge de Portugal, com a sua família, a Sra. Maria Eugênia com quem se casou em 1958 e seus filhos Mario Jorge Neto e Irene Alexandra Neto. A sua esposa também escritora, jornalista  e poetisa. Indo a Quinxamo onde o MPLA tinha a sua sede, Reassumiu as suas funções de presidente efetivo na Conferencia Nacional do Movimento. No mesmo ano vai para Brazaville em consequência da sua expulsão do Zairee dá total apoio a Frente Nacional de Libertação de Angola -FNLA. 

Surge o chamado fraccionismo dentro do Partido e divergencias com Viriato Cruz, que também é poeta, um jovem que veio de uma familia humilde, portanto da base mas vê Agostinho como alguém que humilhou- o, e levanta uma desconfiança de que a morte do camarada Matias Miguel tinha o dedo de Agostinho. São questões que necessitam ser melhor trabalhada estudada e que possam ter uma interpretação. pois neste contexto a acusações fortes de torturas de membros dentro do movimento, chegando a ter atrocidades.

O que conta foi o seu governo a criação da Universidade de Angola atualmente chamada de Agostinho neto,  com o fim da Revolução dos Cravos em 1974 logo Angolo tem o cessar fogo com Portugal é assinado o acordo de Alvor, entre MPLA, Portugal, FNLA, e a Unita. Surge alguns conflitos internos como a Revolta Ativa, a Revolta do leste. Cria-se a FAPLA com apoio de Cuba. Que ajuda-o na luta contra a interferência imperialista. E fiquei maravilhado que em 1975 conheci e trabalhei com um amigo o camarada Mário Peixoto que veio de lá e disse para ele a sua educação no nível de ensino de segundo grau como era chamado o Ensino Médio, era superior ao nosso no Brasil. E a razão disto era que o aluno saia escrevendo e lendo nos três idiomas europeus além da preservação das línguas locais, ou seja francês, inglês e português. Uma vez que ali também foi área do chamado mapa cor de rosa de interesse inglês e francês. E no Brasil isto não ocorria e não ocorre na escola pública, até hoje.

Em 1979 devido a um câncer no fígado, Agostinho Neto buscou tratamento em Moscou e acabou falecendo em consequência disto. Na presidencia de seu pais de principio ficou Lúcio Lara e depois o engenheiro José Eduardo dos Santos que governou por mais de trinta anos. Sendo criticado por isto, ou seja pelo tempo na permanência do poder. Ao longo do tempo uma guerra civil foi fomentada pela Unita, mas pelo que observamos tudo acabou com a morte de Jonas Savimbi, E há´ quem afirme ser testa de ferro do imperialismo inglês e americano naquele país.

Pelos grandes feitos, do herói Antonio Agostinho Neto, e pelo exemplo da luta em benefício da Paz e da Independência do País os nossos efusivos cumprimentos.


Manoel Messias Pereira

professor e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP.

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